Costumamos pensar a nossa relação, ou a ausência dela, como algo separado do que somos, como se ela se fizesse sozinha boa ou má.
A “culpa” sempre está no outro, nos padrões estabelecidos pela sociedade, na sorte, no comportamento dos homens ou das mulheres, na educação que o parceiro recebeu, tão diferente da nossa - esta sim, uma boa educação!- Se nosso parceiro(a) nos compreendesse melhor, se ele(a) mudasse esta forma de pensar, se comportar, de ser, então poderíamos ser felizes para sempre!
E, por que será que o parceiro seguinte, que à princípio parecia tão especial, de repente, como num passe de mágica, “transforma” a relação tornando-a “igualzinha” à anterior? E, lá estamos nós, cansados e desiludidos. Definitivamente, não temos sorte, mais uma vez a vida não nos trouxe o tão sonhado amor...
O mais incrível é que podemos comprovar isto, exatamente porque as nossas motivações inconscientes, nos levam a escolhas que continuamente reforçam nossas crenças, e indefinidamente, como vítimas, assistimos ao mesmo e velho filme.
Enquanto voltarmos nossos olhos para fora, procurando os responsáveis pela nossa insatisfação, solidão e conflitos, não chegaremos à real possibilidade de viver o que secretamente ansiamos: uma relação plena, satisfatória, feliz, duradoura, onde ao mesmo tempo, haja espaço para que sejamos seres humanos independentes e realizados em nossas metas pessoais.
Precisamos repensar a relação de casal a partir da perspectiva do autoconhecimento e reavaliar a relação colocando-nos como protagonistas dela.
Então a “culpa” é toda nossa?
É claro que este processo não visa encontrar “culpados”, apenas nos ajuda a enxergar que, independente do outro, e em interdependência com o outro, somos responsáveis pelos nossos relacionamentos.
Ao passo que um aprende a ver a si mesmo, torna-se capaz de ver ao outro e como um e outro determinam a relação, a partir disto, a mudança pode se tornar consciente.
Gosto de imaginar o relacionamento como uma dança.
Imagine-se dançando com o seu parceiro(a) e reclamando que ele(a) sempre repete os mesmos passos e lhe leva para aquele canto do salão onde você não gostaria de estar.
Então, pare de reclamar e veja a cena com um pouco de distância.
Deste novo lugar e com uma visão mais ampla, você descobre que o ajuda a dançar daquela maneira e descobre o que você faz e como exatamente você o faz.
Às vezes, na sua visão de observador, parece que é mesmo você quem determina isto, com espanto, você se vê até concordando com seu parceiro quando ele diz: “eu só segui o seu passo, você começou isto!”
Você não precisa ficar com raiva de si mesmo, você pode até sorrir e decidir que independente do passo que seja dado por ele(a), você inventará um diferente, consciente da direção que deseja dar a esta dança e consciente do risco de ser ou não acompanhado(a) a por ele.
Se isto é tão simples, porquê não o fazemos com facilidade?
Parece-me que simples e fácil são coisas bem diferentes...
Marise Sampaio Dias :: 2011
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